quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

on
A população de baixa renda, indígenas e negros que desejem ingressar em uma universidade estadual já podem comemorar. O governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, vai assinar a nova lei de cotas até o Natal.. A notícia foi dada pelo Frei David dos Santos, ofm, coordenador da EDUCAFRO.
A nova lei de cotas passará a vigorar por dez anos e não mais por cinco, como anteriormente. Outra modificação será a extensão do período pelo qual o aluno receberá o auxílio: até terminar sua graduação. A nova lei define também o Estado como responsável por ajudar os cotistas a ingressarem no mercado de trabalho, cedendo estágios para todo estudante que queira, além de ampliar o benefício para o Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO).
“A lei de cotas foi aprovada e assinada pelo governador. Estamos como expectativa muito positiva. O governador nos garantiu que a lei será assinada e vigorará antes do Natal. Será um dos grandes presentes da comunidade afro-brasileira, dos indígenas e dos pobres”, comemorou Frei David.
“Com a nova lei, o negro não só vai ter mais expectativa de crescimento como vai ter mais tranqüilidade porque ele vai ter prioridade na contratação dos estágios”, completa.
Para Renato Ferreira, um dos elaboradores da lei, essa criação foi uma vitória. “A primeira lei marca pela preocupação com o ingresso, ou seja, o acesso foi democratizado. E essa segunda, a revisão, marca com a permanência do estudante. Com ela, o universitário terá mais oportunidade na vida acadêmica para se manter, trabalhar com pesquisas e poder desenvolver o curso de forma mais qualitativa”.
Especialista em ações afirmativas, Renato Ferreira explicou que a idéia de elaborar a lei surgiu da necessidade de democratizar o ingresso às universidades. “O acesso ao ensino superior era marcadamente elitista e desigual, sobretudo nos cursos de maior demanda. Essa política de ação afirmativa era necessária”, opinou.
O procurador geral do Estado, Augusto Werneck, afirma que o sistema de cotas deverá melhorar a universidade, pois introduz uma perspectiva de democratização do ensino superior. “O sistema de cotas é uma ação afirmativa não só para os estudantes menos favorecidos, como também para a universidade brasileira. Ele justifica a universidade pública no Brasil, pois ela passa a ser através do sistema de cotas, o que deveria ser na prática”.
A professora Lená Medeiros, sub-reitora de Graduação da UERJ, garantiu que a resistência à reserva de vagas diminuiu, apesar de ainda existir. A docente falou também que os cotistas têm procurado cursos de maior dificuldade de ingresso, como Direito e Administração, e têm superado as expectativas dos educadores.
“As cotas já estão internalizadas na universidade, embora ainda existam algumas resistências, mas elas não são tão aparentes como era há alguns anos. Hoje, a UERJ tem um total de 7.163 cotistas ativos. O aluno de cotas entra com notas mais baixas mas as supera e rapidamente se equipara aos outros, inclusive em cursos como Medicina, por exemplo”, observou.
A Casa Perfeita Alegria tem sido uma das parceiras da EDUCAFRO nessa luta pela democratização do acesso ao ensino universitário e para a implementação de ações afirmativas que possibilitem não só o ingresso, mas a permanência dos estudantes cotistas durante o curso. A assinatura dessa nova lei é uma conquista muito importante e vem coroar de êxitos a luta dos movimentos sociais e de todos os que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária.

0 comentários: