terça-feira, 11 de novembro de 2008

on
No Sul, frei desafia os traficantes de pequena cidade

*Idelina Jardim*

Depois de 15 anos na capital de São Paulo, sendo um dos articuladores de cotas para negros, indígenas e pobres nas universidades, frei David Santos, de 55 anos, luta contra a ação desenfreada de traficantes de drogas em Luzerna, interior de Santa Catarina, no Sul do país - onde é pároco há pouco mais de um ano. O religioso revelou que, mesmo sob ameaça, alerta a população sobre o domínio de criminosos que, segundo ele, já provocou a dependência química de mais de 40% dos jovens do município de apenas 6 mil habitantes. Diante da gravidade, o padre decidiu solicitar uma audiência com o ministro da Justiça, Tarso Genro, e aguarda retorno da assessoria do ministério.

Ainda de acordo com o frei, na cidade de Vera Cruz, que fica a 168 km de Porto Alegre, no Rio Grande do sul, 96% de adolescentes entre 14 e 16 anos estão dependentes de maconha e cocaína. A informação foi confidenciada a ele por um leigo.

- O argumento usado pelos traficantes é a sensação de alívio e bem-estar -diz.

Em agosto do ano passado, a paróquia São João Batista, na qual é responsável, promoveu um seminário, que buscava meios de "livrar a juventude das drogas". O evento contou com um promotor público da região, que pediu que as pessoas fizessem denúncias anônimas ao padre, que as encaminhariam à Justiça. As perseguições ao religioso logo começaram.

*Decalques suspeitos*

Segundo frei David, mães o procuraram e atribuíram a entrada de seus filhos no tráfico a decalques, desenhos com adesivos distribuídos em profusão por traficantes nas portas das escolas. Para ele, "a composição química do material faz com que os jovens fiquem dependentes com o tempo".

A doação desses produtos, é o primeiro passo de criminosos para a expansão de seu comércio, segundo informou o sacerdote.

- Em junho denunciei isto no final da missa, alertando a comunidade. Infelizmente, essa é uma estratégia adotada para destruir nossos jovens, como acontece na Colômbia. É gravíssimo. Acredito que haja omissão ou conivência das autoridades com o assunto, assim como da Justiça, que desconfio estar desestruturada para enfrentar o problema.- protesta. - Às vezes, recebo ameaças anônimas por telefone de pessoas que tenham interesse que eu me cale.

As ameaças surgiram na época das campanhas eleitorais - quando nas missas ele pedia para que os votos não fossem vendidos e os candidatos que solicitavam a compra, denunciados. Na missa do dia 12 de outubro, em homenagem a padroeira do Brasil, o frei sofreu ameaça de morte.

- Nesse dia festivo, conclamei que quem tivesse comprado ou vendido voto, por respeito a Nossa Senhora Aparecida, não comungasse. No final, fiéis me confidenciaram que duas pessoas articulavam entre si, que a hora era propícia para atirar na cabeça do padre - recorda.

*Apelo*

Num tom de emoção, frei David pede um olhar mais atento.

- Quero fazer um alerta a sociedade brasileira e um apelo ao ministro da Justiça, para que ajam com urgência combatendo esse mal que afeta neste momento, os jovens do sul do país - apela, ao acrescentar que fiéis agendam missa pela conversão de traficantes.


1 comentários:

Anônimo disse...

E DEUS CONTINUE ABENÇOANDO ESTE PADRE QUE É UM GRANDE MISSIONÁRIO E CUMPRIDOR DE SEUS DEVERES COMO CIDADÃO E CRISTÃO

MARCIA